- 1. Do 1º livro "Subverso - barulho no escuro do corpo"
BILE
às vezes, se matar é pouco
é preciso mesmo
desenterrar os mortos
um a um
corpo a corpo
pai, mãe, avó, avô, tios
tirar, cuidadoso,
a terra do que lhes resta
dos olhos
e aprumá-los à mesa da cozinha.
e, logo,
servir o almoço
tão cheiroso
que eu mesmo
- homem adulto -
fiz:
carne de panela ao molho
(verde)
(a receita do molho
vem de gerações,
minha mãe diz)
Sentados então
domingo em família
dizer a cada um
quão importantes foram
pra que me tornasse
hoje
esse quem sou:
assim.
e olhar com carinho
cada um dos corpos
envoltos
num silêncio constrangedor
(nunca soubemos lidar
com demonstrações de amor).
e de repente gritar
- felicitoso -
um brinde à minha própria vida!
E todos
- cabeças pensas -
não brindariam.
2. Do 2º livro "Nada comum dia após o outro"
GOZO
Adoro
como aceita
minhas palavras
na tua boca
tão
gentil
assim
mas,
me conta
engole
ou as cospe
no fim?
3. Uma recente (ou "inédita")
I.
hoje em
dia é
fogo
dois
é demais
um
é tão pouco
(e três
tampouco
é mais)
II.
hoje em
dia é
tenso
amor
se conta
c'us dedos
do meio
III.
hoje em
dia é
osso
todo cuidado
é corpo
jueves, mayo 10, 2012
Alguns Poemas. Jeff Vasques -Campinas, SP, Brasil.
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1 comentario:
Amei essas poesias. Não é fácil usar humor nos versos, mas você sabe exatamente como fazer isso.
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