Para Lalá, las ballenatas, renacuajos, filhotes, alguitas, pececitos rojos y todos los pequeños animalitos acuáticos que crecen en esta ciénaga...
A tu edad aprendí
que para ser amada
debería sentirme poseída
ser patrimonio de alguien
Aprendí que este alguien, necesariamente un hombre,
un buen macho, con bastante testosterona y músculos,
tendría una barba cerrada como el Falcon de mis primos
y, apeando su caballo blanco, me cargaría
escaleras arriba, me acostaría en un lecho de nupcias
me diría que soy la madre de sus hijos
y para mí construiría una casa de tres cuartos,
garaje y lavandería
- un castillo.
Me daría garantías en flores, cuentas pagas y gasolina
exigiría exclusividad, feminilidad y decencia.
Me defendería y protegería de otros hombres
moriría de celos al ver mis miradas ajenas
nunca me haría pensar en competir con otras hembras
y sólo me traicionaría si fuese un canalla, un patán
… ese día, si yo lo descubriera, el castillo se desmoronaría.
“Hasta que la muerte los separe”, decía el Padre José
“que él sea bueno para ti”, decía la bisabuela Cloti
“ah… pero los hombres realmente son superiores”, decía la nonna Alda
y la mayoría de mujeres que conozco esperan este mismo hombre
un hombre que, así no tenga nada para ofrecer, lo puede todo:
todos los derechos, todos los placeres, todas las violencias
apenas por el hecho de haber nacido hombre.
Entonces desaprendí todo
y descubrí que, para ser amada,
debería pertenecer a mí
que sería yo quien construiría mi castillo
así fuera pequeño o incompleto
de cartón o madera de guayacán
y que yo no debería ser nada:
ni blanca, ni casta, ni pura, ni puta
Aprendí que el amor se construye a lo largo de una vida entera
del tejido de varios amores que se hacen uno solo
aprendí del dolor, de la belleza, de las personas,
que vale más la complicidad que la pasión
que estos amores, siendo hombres fuertes o no,
nunca me harían sentirme amenazada o disminuida
amores que podrían amarme sin querer poseerme,
apoderarse de mí o empoderarse a mi nombre.
Hombres que no exigen cupar la cabecera de la mesa
y pueden lavar los platos en vez de sentarse frente a la tv
que aprendieron a ser personas antes de ser sexo,
hombres – y mujeres - por encima de todo amorosos,
que no necesitan optar entre la santidad y la profanación
mujeres – y hombres - que no nos ilusionaremos con promesas de
exclusividad, fidelidad, dependencia y eternidad
tampoco contaremos mentiras o nos haremos esperar en vano.
Amores de fuerzas centrífugas, y no la banal poligamia
Amores que seremos hamaca, cuidado y arrullo en las horas difíciles
Amores que aprendemos la entereza de sumarnos nuestras completudes.
VERSÃO ORIGINAL EM PORTUGUÊS, PARA EVITAR CONFUSÕES.
publicado em http://estradamarela.wordpress.com/2010/06/06/190/ no dia 6 de junho de 2010
VERSÃO ORIGINAL EM PORTUGUÊS, PARA EVITAR CONFUSÕES.
publicado em http://estradamarela.wordpress.com/2010/06/06/190/ no dia 6 de junho de 2010
Na tua idade
eu aprendi que
pra ser amada
deveriam possuir-me
eu, patrimônio de alguém
eu aprendi que
pra ser amada
deveriam possuir-me
eu, patrimônio de alguém
Aprendi que esse alguém, necessariamente um homem,
um bom macho, com testosterona e músculos,
teria uma barba cerrada como o Falcon dos meus primos,
apearia de seu cavalo branco, me carregaria
por escadas acima, e deitando-me em um leito de núpcias
diria que eu seria a mãe de seus filhos;
para mim construiria uma casa de três quartos,
com garagem e lavanderia
- um castelo.
um bom macho, com testosterona e músculos,
teria uma barba cerrada como o Falcon dos meus primos,
apearia de seu cavalo branco, me carregaria
por escadas acima, e deitando-me em um leito de núpcias
diria que eu seria a mãe de seus filhos;
para mim construiria uma casa de três quartos,
com garagem e lavanderia
- um castelo.
Dar-me-ia garantias em flores, contas pagas e gasolina
exigiria exclusividade, feminilidade, decência
defender-me-ia e protegeria de outros homens
morreria de ciúme ao ver meus olhares alheios
nunca me faria pensar em concorrer com outras fêmeas
e só me trairia se fosse um canalha, um cafajeste
… nesse dia, se eu descobrisse,
o castelo iria desmoronar.
exigiria exclusividade, feminilidade, decência
defender-me-ia e protegeria de outros homens
morreria de ciúme ao ver meus olhares alheios
nunca me faria pensar em concorrer com outras fêmeas
e só me trairia se fosse um canalha, um cafajeste
… nesse dia, se eu descobrisse,
o castelo iria desmoronar.
“Até que a morte os separe”, dizia o Padre José
“que ele seja bom para ti”, dizia a bisa Clóti
“ah…mas os homens são superiores” dizia a nonna Alda
e a maioria das mulheres que conheço esperam esse mesmo homem
que, mesmo tendo nada a oferecer, pode tudo:
todos os direitos, todos os prazeres, todas as violências
apenas pelo fato de ter nascido homem.
“que ele seja bom para ti”, dizia a bisa Clóti
“ah…mas os homens são superiores” dizia a nonna Alda
e a maioria das mulheres que conheço esperam esse mesmo homem
que, mesmo tendo nada a oferecer, pode tudo:
todos os direitos, todos os prazeres, todas as violências
apenas pelo fato de ter nascido homem.
Então eu desaprendi tudo
e descobri que, para ser amada,
deveria pertencer a mim
que seria eu quem construiria meu castelo
mesmo pequeno ou incompleto
de papelão ou pau de jacarandá
e que eu não deveria ser nada: nem branca,
nem casta, nem pura, nem puta
e descobri que, para ser amada,
deveria pertencer a mim
que seria eu quem construiria meu castelo
mesmo pequeno ou incompleto
de papelão ou pau de jacarandá
e que eu não deveria ser nada: nem branca,
nem casta, nem pura, nem puta
Aprendi que o amor se constrói ao longo de uma vida inteira
do tecido de vários amores que perfazem um amor só
aprendi da dor, da beleza, das pessoas,
que vale mais a cumplicidade que a paixão
que esses amores, sendo homens fortes ou nao,
nunca fariam sentir-me ameaçada ou diminuída
amores que poderiam amar-me sem querer possuir,
apoderar-se ou empoderar-se em meu nome
do tecido de vários amores que perfazem um amor só
aprendi da dor, da beleza, das pessoas,
que vale mais a cumplicidade que a paixão
que esses amores, sendo homens fortes ou nao,
nunca fariam sentir-me ameaçada ou diminuída
amores que poderiam amar-me sem querer possuir,
apoderar-se ou empoderar-se em meu nome
Homens que não fazem questão de ocupar a cabeceira da mesa
e podem lavar os pratos em vez de sentar-se em frente à tv
que aprenderam a ser pessoas antes de ser sexo,
homens – e mulheres – acima de tudo amorosos,
que não precisam optar entre a santidade e a profanação
mulheres – e homens – que não nos iludiremos com promessas de
exclusividade, fidelidade, dependência e eternidade
tampouco contaremos mentiras ou nos faremos esperar em vão
e podem lavar os pratos em vez de sentar-se em frente à tv
que aprenderam a ser pessoas antes de ser sexo,
homens – e mulheres – acima de tudo amorosos,
que não precisam optar entre a santidade e a profanação
mulheres – e homens – que não nos iludiremos com promessas de
exclusividade, fidelidade, dependência e eternidade
tampouco contaremos mentiras ou nos faremos esperar em vão
Amores de forças centrífugas, e não a banal poligamia
amores que seremos rede, cuidado e acalanto nas horas difíceis
amores que aprendemos a inteireza de nos somarmos em nossas completudes.
amores que seremos rede, cuidado e acalanto nas horas difíceis
amores que aprendemos a inteireza de nos somarmos em nossas completudes.
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